Alexandre Garcia
24 de julho de 2019 - 15:16

O estilo na missão

O presidente ganhou a eleição praticamente sozinho. Ele, seus eleitores e as redes sociais. O estilo deu certo sem gastar, sem marqueteiro, sem apoio da maioria dos meios de informação.

O presidente ganhou a eleição praticamente sozinho. Ele, seus eleitores e as redes sociais. O estilo deu certo sem gastar, sem marqueteiro, sem apoio da maioria dos meios de informação. E hoje, passados quase sete meses da posse, o presidente parece sentir-se confortável usando as mesmas armas da campanha: falar direto, não deixar de responder às criticas, pôr em prática o que foi prometido e autorizado pelo voto de quase 58 milhões de brasileiros.

Os que nele votaram deram-lhe mandato para tirar a esquerda do poder e recuperar valores. Por isso ele fala em missão – a tarefa que lhe incumbiram. Desde 1995 até o afastamento de Dilma em 2017, o Brasil teve governos de caráter socialista. Foram mais de 20 anos de mudanças nas leis penais, na economia, no estado, na segurança; de fisiologismo e anos de corrupção que levaram um presidente para a cadeia.

Durante duas décadas, governo e opinião pública foram induzidos a viver um sistema que não deu certo em lugar algum do mundo e os resultados, após 20 anos, foram 12 milhões de desempregados e a maior recessão da história, um esquema institucionalizado de corrupção jamais visto, com enfraquecimento de valores como família e pátria. Direitos sobrepujaram os deveres e desequilibraram a balança da cidadania e do estado.

Só um lado passou a ter voz e poder. É como se o país estivesse polarizado apenas de um lado. Tanto que não se falava em “vocês e nós”, mas em “ nós e eles”. O “nós” vinha em primeiro lugar e o “eles” era uma terceira pessoa oculta. O gigante silencioso despertado pelo candidato Bolsonaro, gerou a queixa de “ bipolarização”; que isso iria dividir o país em dois, como se o país já não tivesse sofrido divisões. “Divide e governa!”. Ainda bem que se pode discutir agora. Idéia única é o caminho para enveredar em corrupção, desemprego e recessão, sem que a crítica ajude a corrigir rumos.

O presidente bater boca com jornalistas e ser criticado é saudável. Afinal, não se pode esquecer que ele, durante a campanha, avisou que “é bom já ir se acostumando”. Ele acredita que precisa fazer uma faxina no “aparelhamento” plantado no estado brasileiro, não apenas nos ministérios e estatais, mas também em órgãos de ciência, cultura, educação e diplomacia. A população de menos de 35 anos nem lembra que existe outro estilo de governo além do que viu desde 1995. E não parece que o presidente vá mudar um estilo que deu certo na campanha. É da natureza dele. Agora esse estilo será julgado pelos resultados.

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