Tributo marca 40 anos de “Codinome Beija-flor” no Rio
Hospital São Lucas Copacabana inaugura escultura interativa para marcar homenagem à canção

Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, ao lado da escultura. Foto: 2 Barcos Filmes/Divulgação
O Hospital São Lucas Copacabana inaugurou, nesta terça-feira (9), uma escultura interativa que celebra os 40 anos de “Codinome Beija-flor”, clássico de Cazuza. O local, na Zona Sul do Rio, serviu de inspiração para a canção e agora abriga a obra criada pelo artista plástico Mario Pitanguy.
Cazuza escreveu “Codinome Beija-flor”, parte do álbum Exagerado, durante sua internação na unidade, em 1985. Ele observava diariamente os beija-flores que apareciam na janela do quarto, cercada pela vegetação da Mata Atlântica. A presença constante das aves marcou o compositor e entrou de vez na letra que se tornaria uma das músicas mais conhecidas da carreira.
A nova escultura, moldada em bronze, traz um beija-flor enquadrado por uma janela e flores, simbolizando o cenário original que inspirou o artista.
Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, participou da homenagem e relembrou a rotina do filho no hospital: “Isso me fala muito ao coração, porque 37, quase 38 anos depois que ele morreu ainda se lembrarem dele é uma coisa que marcou presença. E Codinome Beija-Flor era um beija-flor que vinha todo dia quando ele ficou internado aqui no Hospital São Lucas”.
Ela descreveu como o filho interagia com a ave: “O beija-flor vinha todo dia, e ele resolveu colocar açúcar na água para ele beber. E aí saiu daqui e fez Codinome Beija-Flor. A cada homenagem que fazem a ele é um renascer, sinto que ele não morreu, porque é duro você perder seu filho único. Então eu sinto cada vez mais a presença dele. E não podia ter homenagem mais bonita do que essa, tantos anos depois”.
O ator Jonathan Azevedo também esteve na cerimônia e relembrou seu primeiro contato com o ídolo: “Sou oriundo da Cruzada de São Sebastião, uma comunidade no Leblon, e pude ver um pouquinho do fim da vida dele. Cheguei a me deparar com Cazuza nas ruas do Leblon, com a senhora mãe dele também. Tinha 5, 6 anos, e lembro que ele sempre cuidou da molecadinha na rua. Ele sempre chamava a galera para comer na Pizzaria Guanabara”.

Jonathan falou sobre a identificação com a sensibilidade do cantor: “Sou um homem que gosto muito da minha leveza, da minha alegria e do amor que eu tenho pela vida. E estar em um lugar tão leve como esse é porque o Cazuza se encontra aqui”.
Ele também lembrou da conexão entre arte e cura: “Então essa energia que estamos sentindo é uma energia Cazuza. Fico até sensibilizado porque meu pai esteve aqui no hospital há pouco tempo, e foi muito bem tratado e cuidado. Além de Cazuza trazer cultura, ele traz remédio, porque a arte é remédio”.
Cazuza morreu em 1990, aos 32 anos, após complicações da Aids. Diagnosticado com HIV em 1987, o artista se tornou um símbolo na luta contra o preconceito e segue influenciando novas gerações com sua obra.