20 de outubro de 2025 - 16:34

Gilberto Gil encerra turnê de despedida com repertório que atravessa décadas

Por Camila Pimentel - Educadora FM 90.9 • Atualizado há 2 meses

Foto: Divulgação

Gilberto Gil construiu uma carreira marcada por transformações culturais, políticas e musicais. Aos 83 anos, o cantor e compositor encerrou sua turnê de despedida em São Paulo com dois shows que revisitaram mais de 60 anos de trajetória.

Na sexta (17) e no sábado (18), Gil subiu ao palco do Allianz Parque para as apresentações finais da turnê “Tempo Rei”. O telão trouxe imagens de sua infância em Ituaçu, na Bahia, lembrando o início do interesse pela música ainda aos 3 anos.

A noite começou com “Palco”, escolhida para abrir o espetáculo. Gil compôs a música nos anos 1980, em um momento de incerteza na carreira. A visita da banda A Cor do Som, intérprete original da faixa, o incentivou a seguir no caminho musical e gravar a canção.

Repertório revisita diferentes fases da carreira de Gilberto Gil

A setlist percorreu diversas fases da obra do cantor, passando por gêneros como samba, reggae, axé, forró, rock, Ijexá e tropicalismo. O repertório incluiu canções dos anos 1960, como “Eu Vim da Bahia”, além de sucessos das décadas de 1970 e 1980, entre eles “Tempo Rei”, “Refazenda”, “Vamos Fugir” e “A Novidade”.

O público acompanhou em coro faixas marcantes, como “Cálice”, com participação em vídeo de Chico Buarque; “Se Eu For Falar com Deus”, “Drão”, “Esotérico”, “Expresso 2222”, “Andar com Fé” e “Aquele Abraço”. Gil também apresentou interpretações conhecidas em sua voz, como “Eu Só Quero um Xodó”, de Dominguinhos e Anastácia, e “Esperando na Janela”, de Targino Gondim, Manuca Almeida e Raimundinho do Acordeon.

Seis músicas da setlist dialogaram com o período da Ditadura Militar no Brasil: “Domingo no Parque”, “Cálice”, “Back in Bahia”, “Não Chore Mais”, “Expresso 2222” e “Aquele Abraço”. Boa parte delas foi escrita durante o exílio de Gil em Londres.

Durante “Cálice”, a chuva começou a cair sobre o estádio. O público respondeu com gritos de “Sem Anistia”, conectando a música aos debates atuais sobre memória política no país.

A presença da família acompanhou Gil em todos os momentos. Flora Gil, sua esposa, o beijou antes do show, gesto exibido no telão. No palco, ele se apresentou ao lado dos filhos Bem, José e Nara; do neto João, backing vocal da turnê; e da nora Mariá Pinkusfeld.

Gil brincou com o público ao apresentar a família e comentar sobre as novas gerações: “Tem alguém mais nova, né? Acho que é bisneta!”, disse de forma descontraída.

Participações e despedida

Seu Jorge foi o convidado surpresa da noite e dividiu os vocais com Gil em “Refavela”. O encerramento teve clima de celebração com “Esperando na Janela” e “Aquele Abraço”, que levou o público a dançar forró e cantar junto.

Gil finalizou mais uma etapa da carreira com a tranquilidade de quem segue produzindo música, mesmo fora dos palcos.

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