12 de dezembro de 2025 - 11:20

O que está em jogo? Cinco pontos-chave da disputa entre Netflix e Warner

Negociação movimenta Hollywood e pode redefinir preços, catálogos e o futuro do streaming
Por Camila Pimentel - Educadora FM 90.9 • Atualizado há 23 horas

Foto: via Getty Images

O acordo entre Netflix e Warner Bros. Discovery parece um simples movimento empresarial, mas reúne elementos dignos de cinema: disputas de poder, pressões políticas e incertezas que ampliam o suspense.

A negociação envolve a compra do estúdio e das plataformas HBO, o que fortalece a liderança da Netflix em um mercado cada vez mais competitivo. No entanto, reguladores e rivais observam cada passo, o que indica que esta história está só começando.

A seguir, cinco pontos que ajudam a entender o impacto da negociação:

1. Netflix amplia ainda mais sua força no mercado

A Netflix domina o streaming há anos. A empresa acumula a maior base de assinantes do setor e se consolidou como uma das maiores produtoras de conteúdo original da Califórnia. Com o novo acordo, ela adiciona um catálogo com quase um século de produções e expande sua capacidade de criação.

Além disso, a plataforma se prepara para acrescentar parte dos 128 milhões de assinantes da HBO ao seu universo de mais de 300 milhões.

“Se a Netflix já é o maior serviço de streaming, ao somar HBO Max torna-se praticamente intocável”, avaliou Mike Proulx, vice-presidente da consultoria Forrester.

A operação ainda une franquias como Looney Tunes, Harry Potter e Friends a produções como Succession, Sex and the City e Game of Thrones, além dos sucessos da própria Netflix, como Stranger Things e o filme Guerreiras dos K-pop. A compra também inclui a TNT Sports fora dos EUA.

Caso a Paramount conquiste a disputa, a empresa adiciona parte dos assinantes do HBO Max à sua base atual de 79 milhões.

2. Preços podem mudar

A Netflix trabalha com um prazo de até 18 meses para finalizar a operação. Mesmo assim, executivos evitam antecipar como vão integrar a Warner Bros. e a marca HBO ao catálogo atual.

Greg Peters, codiretor-executivo, afirmou que o nome HBO é “muito poderoso” e abre diversas possibilidades, mas não detalhou os próximos passos.

Os preços também seguem incertos. O domínio ampliado pode estimular reajustes. Por outro lado, consumidores podem optar por um único serviço em vez de dois.

Atualmente, o Brasil conta com assinaturas que variam:

  • Netflix: de R$ 20,90 a R$ 59,90

  • HBO Max: de R$ 29,90 a R$ 55,90

  • Paramount+: de R$ 18,90 a R$ 34,90

3. Streaming lidera o futuro, enquanto Hollywood vive mudanças

A Warner Bros. Discovery carrega um catálogo histórico, com títulos como Casablanca e O Exorcista. No entanto, enfrenta as transformações impostas pelo streaming, que reduziu receitas tradicionais e reorganizou prioridades na indústria.

Para Mike Proulx, o cenário é definitivo: o futuro é “todo streaming”. As dúvidas surgem quando o assunto é o cinema. Embora a Netflix prometa manter lançamentos nas telonas, Ted Sarandos, chefe-executivo, já classificou a ida ao cinema como um “conceito ultrapassado”.

A possível fusão reacende debates dentro de Hollywood, que já lida com cortes, redução de produções e discussões sobre inteligência artificial.

James Cameron, diretor de Titanic e Avatar, criticou o acordo antes do anúncio, chamando-o de potencial “desastre”.

4. A negociação enfrenta longas etapas

A Warner Bros. Discovery precisa concluir o desmembramento de unidades que ficarão fora da venda, como CNN, Discovery e Eurosport. Ao mesmo tempo, a Paramount Skydance tenta convencer acionistas a aceitar uma oferta alternativa, mesmo sem o aval da direção atual.

Além disso, reguladores dos EUA e da Europa vão analisar o impacto da fusão no mercado. Em Washington, congressistas de ambos os partidos já expressam preocupação com possíveis aumentos de preços e redução de opções para consumidores.

Se o acordo fracassar, a Netflix paga US$ 5,8 bilhões. Analistas apontam que a proposta da Paramount também enfrentaria questionamentos, principalmente por conta de seu impacto sobre anunciantes e redes de TV.

A decisão depende da visão dos reguladores. Caso considerem apenas o setor de streaming, a ampliação da fatia da Netflix pode levantar alertas. Porém, ao incluir TV a cabo, emissoras abertas e plataformas como YouTube, a possibilidade de concentração perde força.

Alguns especialistas acreditam que o processo será contestado, mas temem pressões políticas durante a análise.

5. Governo Trump pode influenciar o desfecho

O presidente Donald Trump acompanha de perto o acordo e já demonstrou interesse em interferir no setor. Ele exige que a CNN seja vendida como parte das negociações, mas também critica e elogia diferentes players conforme situações específicas.

No último fim de semana, Trump afirmou que a fusão pode representar “um problema” pelo tamanho da Netflix, embora tenha elogiado a liderança da empresa. O presidente também citou positivamente Larry Ellison, ligado à oferta concorrente da Paramount Skydance, mas criticou a companhia horas depois por conta de uma entrevista considerada desfavorável.

Para Bill Kovacic, ex-presidente da FTC, o caso pode exigir um “nível sem precedentes” de aprovação presidencial.

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