Alexandre Garcia
Discriminação
Dia 13 é o aniversário da Lei Áurea, a última das leis contra a escravidão.
Dia 13 é o aniversário da Lei Áurea, a última das leis contra a escravidão no Brasil. Na ausência do Imperador, seu pai, a Princesa Isabel assinou a lei que aboliu essa vergonha nacional. Mariana Ximenes acaba de aceitar o papel da Princesa Isabel num filme que Mauro Mendonça filho vai dirigir, com roteiro do francês Michel Fessler, que ganhou o Oscar de melhor documentário com A Marcha dos Pinguins. A escravidão foi abolida oficialmente, mas, na prática, até hoje traz suas consequências na economia e na cultura deste país que só há 129 anos deixou de ter escravos. E resta muita discriminação.
Aí, é preciso jogar luzes nessa palavra – discriminação – tão geradora de confusões. Não podemos, é óbvio, ser discriminados pela cor da pele, tanto quanto pela conta bancária ou pela roupa que vestimos. Mas temos que reconhecer que igualdade não existe, porque somos todos diferentes uns dos outros, graças à natureza. Iguais só robôs produzidos em série. E não somos robôs. E, como dizem os franceses, Vive la difèrénce! Graças a ela é que nos encaixamos, homens e mulheres, e convivemos uns com os outros, nos completando, enriquecendo a convivência com as diferenças. E também é preciso discriminar por uma questão de justiça. Se trabalhamos mais, temos que ganhar mais; se estudamos mais, temos que ter as melhores notas, se fomos mais inteligentes, esperamos sucesso na carreira, se fomos mais velozes, temos que estar entre os que chegam primeiro.
É injusto que se igualem o trabalhador e o preguiçoso; o cortês e o grosseiro; o honesto e o corrupto; o inocente e o culpado. Por isso, devem receber tratamento diferente. Uma discriminação necessária, segregadora. Se todos são iguais perante a lei, o princípio jurídico reconhece que ninguém é igual, a não ser perante a lei. Como sugeriu o juiz João Ulhôa, será que vamos igualar judeus, cristãos, muçulmanos, pedófilos, nazistas, racistas? Alguém vai gritar: Esperem aí, não misturem. Nem todos são iguais. Assim devagar com condenar a discriminação.
Tudo isso para lembrar essa nova forma de ditadura, a do politicamente correto. Alguém decide o que você pode dizer e o que não pode e vai além: o que você pode pensar e o que não pode. Querem tolher a sua individualidade, que é aquilo que você é e pensa, seus gostos, tendências, preferências, ojerizas. Ora, você pode não gostar de alguém usar chapéu à mesa, como é meu caso. Mas não posso xingá-lo nem tirar seu chapéu a tapa, como eu gostaria. Para não me irritar à refeição, apenas evito olhar para a cena que me faz mal. E respeito a liberdade dele de ser mal-educado.
Discriminar significa escolher. Diferente de descriminar. Que é não querer considerar crime uma safadeza contra o País, como o caixa 2, produto de sonegação, que suprime recursos para escolas, hospitais e segurança, nos tornando escravos da falta de ensino, falta de saúde e falta de segurança. Aí, temos que discriminar e segregar o malfeitor pondo-o atrás das grades. Porque tornozeleira eletrônica é pena branda comparada com os grilhões dos escravos.Dia 13 é o aniversário da Lei Áurea, a última das leis contra a escravidão no Brasil. Na ausência do Imperador, seu pai, a Princesa Isabel assinou a lei que aboliu essa vergonha nacional. Mariana Ximenes acaba de aceitar o papel da Princesa Isabel num filme que Mauro Mendonça filho vai dirigir, com roteiro do francês Michel Fessler, que ganhou o Oscar de melhor documentário com A Marcha dos Pinguins. A escravidão foi abolida oficialmente, mas, na prática, até hoje traz suas consequências na economia e na cultura deste país que só há 129 anos deixou de ter escravos. E resta muita discriminação.
Aí, é preciso jogar luzes nessa palavra – discriminação – tão geradora de confusões. Não podemos, é óbvio, ser discriminados pela cor da pele, tanto quanto pela conta bancária ou pela roupa que vestimos. Mas temos que reconhecer que igualdade não existe, porque somos todos diferentes uns dos outros, graças à natureza. Iguais só robôs produzidos em série. E não somos robôs. E, como dizem os franceses, Vive la difèrénce! Graças a ela é que nos encaixamos, homens e mulheres, e convivemos uns com os outros, nos completando, enriquecendo a convivência com as diferenças. E também é preciso discriminar por uma questão de justiça. Se trabalhamos mais, temos que ganhar mais; se estudamos mais, temos que ter as melhores notas, se fomos mais inteligentes, esperamos sucesso na carreira, se fomos mais velozes, temos que estar entre os que chegam primeiro.
É injusto que se igualem o trabalhador e o preguiçoso; o cortês e o grosseiro; o honesto e o corrupto; o inocente e o culpado. Por isso, devem receber tratamento diferente. Uma discriminação necessária, segregadora. Se todos são iguais perante a lei, o princípio jurídico reconhece que ninguém é igual, a não ser perante a lei. Como sugeriu o juiz João Ulhôa, será que vamos igualar judeus, cristãos, muçulmanos, pedófilos, nazistas, racistas? Alguém vai gritar: Esperem aí, não misturem. Nem todos são iguais. Assim devagar com condenar a discriminação.
Tudo isso para lembrar essa nova forma de ditadura, a do politicamente correto. Alguém decide o que você pode dizer e o que não pode e vai além: o que você pode pensar e o que não pode. Querem tolher a sua individualidade, que é aquilo que você é e pensa, seus gostos, tendências, preferências, ojerizas. Ora, você pode não gostar de alguém usar chapéu à mesa, como é meu caso. Mas não posso xingá-lo nem tirar seu chapéu a tapa, como eu gostaria. Para não me irritar à refeição, apenas evito olhar para a cena que me faz mal. E respeito a liberdade dele de ser mal-educado.
Discriminar significa escolher. Diferente de descriminar. Que é não querer considerar crime uma safadeza contra o País, como o caixa 2, produto de sonegação, que suprime recursos para escolas, hospitais e segurança, nos tornando escravos da falta de ensino, falta de saúde e falta de segurança. Aí, temos que discriminar e segregar o malfeitor pondo-o atrás das grades. Porque tornozeleira eletrônica é pena branda comparada com os grilhões dos escravos.