Anvisa nega pedido de importação da vacina Spunik V
A Anvisa apontou diversas falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante.
Depois de cinco horas de reunião, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou ontem (26) o pedido de importação da vacina Sputnik V, imunizante contra a Covid-19 desenvolvido pela Rússia. A decisão unânime foi tomada após 14 estados pedirem autorização para importação emergencial de quase 30 milhões de doses. Três gerências técnicas da Anvisa se posicionaram contra a importação.
A Anvisa apontou que não recebeu um relatório técnico capaz de comprovar que a vacina atende a padrões de qualidade e não conseguiu esses dados com autoridades de países em que a vacina é aplicada. A agência disse que a maioria dos países que autorizaram a aplicação da Sputnik V não têm tradição na análise de medicamentos.
A Anvisa apontou também diversas falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante. Na mais grave, a agência identificou que o adenovírus usado para carregar o material genético do coronavírus não deveria se replicar, mas ele é capaz de se reproduzir e pode causar doenças.
A gerência de Inspeção e Fiscalização relatou que técnicos da Anvisa não puderam visitar todos os locais de fabricação da vacina durante inspeção na Rússia. Dos sete pontos previstos, técnicos conseguiram visitar apenas três locais.
O Fundo Russo que financiou o desenvolvimento da vacina tentou cancelar a inspeção presencial e não autorizou o acesso ao Instituto Gamaleya, que faz o controle de qualidade do imunizante. Por este motivo, a Anvisa não conseguiu identificar os fabricantes da matéria prima da vacina.
A decisão contra a importação foi tomada em uma reunião extraordinária que ocorreu para atender uma decisão do Supremo Tribunal Federal em uma ação protocolada pelo governo do Maranhão.