Alexandre Garcia
Obrigado, Maduro
Depois do estrago que o Supremo produziu há cerca de dez anos em Roraima, acabando com a produtiva simbiose entre índios e arrozeiros, na reserva Raposa Serra do Sol, a inconsistência do regime chavista de Maduro ajuda aquele estado.
Depois do estrago que o Supremo produziu há cerca de dez anos em Roraima, acabando com a produtiva simbiose entre índios e arrozeiros, na reserva Raposa Serra do Sol, a inconsistência do regime chavista de Maduro ajuda aquele estado. A retirada dos arrozeiros que serviam de sustento aos índios fez mal a todos, inclusive à produção de alimentos. A capital, Boa Vista, viu crescer a periferia com pessoas, sem trabalho, aumentou o alcoolismo, a mendicância, a prostituição, a droga. Além disso, Roraima carecia, de infraestrutura para criar trabalho e riqueza.
Maduro e os que fugiam de seu regime acabaram por atrair a necessária atenção do governo federal brasileiro para os problemas de Roraima. O primeiro deles, eletricidade. Agora apressam planos de transmissão de energia, para deixar de depender da eletricidade venezuelana, cheia de apagões. Além do linhão Manaus-Boa Vista, a topografia e o clima do estado são excelentes para aproveitar o sol e o vento, além da possibilidade de projetos hidrelétricos binacionais com a Guiana.
Isso demonstra que há males que vêm para o bem. Mas a recíproca também acontece. Há bem aparente que vêm para o mal. Há 30 anos caía o Muro de Berlim e dois anos depois acabava a União Soviética. Veio a liberdade econômica, política, individual para milhões de pessoas e isso foi um bem, sem dúvida. Mas pelo mundo inteiro, os que sonham com a utopia da ditadura do proletariado, ficaram desarvorados, sem matriz. Por um mecanismo que Sigmund Freud chamou de sublimação e por outro que ele chamou de transferência, os sonhadores buscaram em Gramsci um substituto para o falido Marx. Nas Américas, descobriram como ídolos Fidel, Guevara, Chavez e outros.
Nada disso afetaria as liberdades se não fosse, pela sublimação e pela transferência, a adoção de outras bandeiras, como a ditadura do politicamente correto. Ou o enfraquecimento dos direitos de propriedade e da legítima defesa, a luta de classes via racismo e o combate à economia de mercado – não pela força das armas, caminho em que foram derrotados em 1935 e 1964, mas pela conquista das mentes, via escola. Isso vem sendo praticado há anos na formação de “militantes contra o status quo opressor” como me confessou um professor da Universidade de Brasília, há 25 anos. Os frutos estão aí, gerando desagregação e ódio, enfraquecendo o país. Em tempos de Guerra Fria, era tudo mais claro: simplesmente pegavam em armas e jogavam bombas, sequestravam, assaltavam e matavam, faziam guerrilha no Araguaia.