Alexandre Garcia
17 de maio de 2017 - 11:03

Tirania ou democracia

Os partidos sentiram que não vão ter dinheiro para a campanha.

            Os partidos sentiram que não vão ter dinheiro para a campanha, para pagar marketing milionário de doure suas mentiras e verdades. O Supremo proibiu empresas de fazerem doações. Ninguém, pessoa física, de sã consciência, vai dar dinheiro para político se eleger. Se tiver dinheiro sobrando e for altruísta, vai dar para um orfanato, para um asilo, para uma santa casa. Eles sabem disso e estão inventando a campanha por conta do dinheiro do público. O que poderia ir para a saúde, educação, segurança e saneamento, terá que ser jogado no ralo de um palanque. 
            Por que não voltam ao que era? Os livros de ouro. Quando o pároco quer reformar a igreja, institui o livro de ouro. Quem quiser doar, doa. E põe o nome no livro, com a importância paga. Como num livro diário de empresa, a Justiça eleitoral oficializa o livro, com termos de abertura e encerramento e estamos ditos. Mas isso dá trabalho, para convencer as pessoas. E as pessoas que contribuírem vão exigir, em troca, que sejam cumpridas as promessas de campanha. Também dá trabalho cumprir promessas míticas, fabulosas, miraculosas.
            Os políticos justificam. “É o preço da democracia; democracia custa caro”. E se o povo encontrar algo mais barato? Uma tirania, por exemplo? Apenas um ditador, sem milhares de deputados, vereadores, senadores, prefeitos, governadores e presidente eleito. Alguém como Getúlio, na Ditadura. E há o perigo de aparecer uma tirania  honesta a ser comparada com uma democracia corrupta como a nossa. Fica irônico a gente acreditar em poder do povo, mesmo sabendo que nós, povo, só temos poder no momento do voto. 
            Só para fazer pensar: uma democracia direta, em tempo de redes sociais. As pessoas podem dispensar representantes, que custam caro, como os próprios políticos argumentam.  Pode-se opinar e decidir qualquer tema pelas redes sociais, já que é possível identificar e certificar a origem. Uma pessoa, um voto, pela rede social da democracia direta. Em vez de se discutir os temas nas comissões da Câmara e do Senado, as questões seriam discutidas durante algum tempo nas redes sociais e depois receberiam a votação. O Diário Oficial Digital publicaria o resultado e o que virou lei para todos. E o voto não precisaria ser secreto. Cada um assumiria suas posições, conforme mandam os cânones da honra e responsabilidade. É só uma ideia para destoar do lugar-comum das propostas de reforma política e fazer pensar fora dos limites.

 

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