Alexandre Garcia
25 de maio de 2018 - 09:19

Justiça e Eleições

Por mais problemas que tenha a Justiça no Brasil, é ela que está fazendo o contraponto para a nossa profunda crise moral.

Por mais problemas que tenha a Justiça no Brasil, é ela que está fazendo o contraponto para a nossa profunda crise moral. Sim, o leitor pode alegar que a Justiça também está eivada de corruptos, juízes que vendem sentenças, que se deixam subornar. A então corregedora Eliana Calmon nunca escondeu isso. Mas é a Justiça que está golpeando a corrupção institucionalizada. Por Justiça, entenda-se a polícia judiciária, que é a Polícia Federal e a Polícia Civil, os ministérios públicos dos estados e o federal, assim como juízes de todas as instâncias.

Esta semana o Supremo enfim, julgou o primeiro caso da Lava-Jato, condenando o deputado Nelson Meurer. condenou de novo Paulo Maluf, em Minas botou na cadeia o ex-governador tucano Eduardo Azeredo. Está na prisão o ex-presidente da República Lula da Silva, o ex-governador do Rio, já se investigam senadores do MDB com contas na Suíça e nas Bahamas. Com isso, cai por terra o argumento da perseguição ao PT, cujos ex-tesoureiros estão todos condenados e cuja presidente deve ser a próxima a ser julgada no Supremo. Cai por terra porque as investigações já tiraram de qualquer páreo e até da presidência do PSDB o tucano Aécio Neves e a justiça pôs na cadeia o ex-governador tucano de Minas, assim como já acumula quatro denúncias o atual governador, o petista Fernando Pimentel. A preferência dos agentes da Justiça, como se vê, não é por partido político, mas pela lei, que pune corruptos.

Imaginem as consequências para o país se não tivesse havido o Mensalão e a Lava-jato. A maior empresa do país, a Petrobrás, privatizada por partidos políticos, o PT, o MDB, o PP e outros, estava às portas da falência. O preço do combustível era usado como campanha eleitoral, arcando a empresa, que é do povo, com prejuízos por manter preço artificial de combustíveis. Quase quebrou. Hoje, estamos todos pagando o preço da corrupção e do uso político da Petrobras, no preço dos combustíveis, já que a empresa não tem condições de fazer caridade. Precisa cobrar o preço real. E é bom que se diga que, mesmo com o caos criado pelo movimento dos caminhoneiros, o governo manteve a autonomia saneadora da atual diretoria da empresa, sem interferir na administração de preços. O governo, sim, teve que ceder, retirando impostos sobre os combustíveis. Em outros tempos, em ano eleitoral, o populismo é que ditaria da tabela de preços.

Eu lembrei do ano eleitoral e o que se nota é a dificuldade do eleitor em se identificar com os políticos tradicionais. Se identifica mais com o juiz Sérgio Moro, símbolo da luta contra a corrupção, e com a Cabo PM Kátia Sastre, símbolo da luta contra o crime comum que nos tolhe a liberdade. Mas os dois não são candidatos. O presidente Temer desistiu de reeleição e lançou seu ex-ministro da Fazenda como candidato, com a intenção de representar o centro. Henrique Meirelles tem um currículo exemplar, mas á pouco conhecido fora de Goiás e do mercado, e não é populista. É a terceira vez apenas que o maior partido, o MDB, tem candidato à presidência da República. Os outros dois não foram felizes: o Doutor Ulysses perdeu para o General Geisel em 1974 e Quércia perdeu para Fernando Henrique em 1994.

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