Alexandre Garcia
18 de julho de 2018 - 17:40

DERCY ONTEM E HOJE

Recebi pelo WhatsApp um trecho de uma entrevista da Hebe com Dercy Gonçalves. Vou resumir, omitindo os palavrões. “O Brasil está falido e não tem nada que preste, aquele congresso deveria acabar, são safados (e a plateia aplaude). Tem que dar porrada e querem se reeleger de novo. Não votem neles, mas é um povo muito lerdo, é uma pouca vergonha. Ninguém respeita mais a gente no exterior; aqui é submundo, não tem ordem. Sou a favor da ordem, da disciplina e não essa casa de mãe joana.

Recebi pelo WhatsApp um trecho de uma entrevista da Hebe com Dercy Gonçalves. Vou resumir, omitindo os palavrões. “O Brasil está falido e não tem nada que preste, aquele congresso deveria acabar, são safados (e a plateia aplaude). Tem que dar porrada e querem se reeleger de novo. Não votem neles, mas é um povo muito lerdo, é uma pouca vergonha. Ninguém respeita mais a gente no exterior; aqui é submundo, não tem ordem. Sou a favor da ordem, da disciplina e não essa casa de mãe joana.”

            Hebe apoiava e o auditório aplaudia. Dercy morreu há 10 anos; pela animação, o programa deve ser de uns 10 anos antes da morte. Quer dizer, faz uns 20 anos. Seguramente há três décadas que venho lendo e ouvindo sobre a necessidade de mudar o Congresso, mudar os políticos. Mas nada acontece porque é impossível mudar o eleitorado. Falo nisso porque vão começar as convenções partidárias para escolher os candidatos que os partidos vão nos oferecer para votar – sem que tenhamos participado dessa escolha. São os chefes partidários que escolhem e a convenção apenas homologa. E nós, mais uma vez, vamos ficar com o papel de procurar as alternativas que sejam mais convenientes, embora não as ideais.

            Os que pesquisam, se informam, buscam  alternativa, são minoria. As estatísticas nacionais mostram que até os universitários têm entre eles 38% de analfabetos funcionais – gente que consegue ler, escrever, fazer algumas operações matemáticas, mas não consegue expressar ideias num texto maior, nem entender um parágrafo que vá além de uma frase curta, e muito menos elaborar a solução de uma equaçãozinha de primeiro grau. Seguramente o dobro desse percentual – é doloroso admitir – aparece no eleitorado. Num momento em que nem os partidos políticos se alinham em torno de candidatos a presidente, imagino a confusão e a indecisão entre eleitores. Aliás, notei ontem que o Estadão usou, em lugar da palavra partidos o termo siglas. É o que são; meras siglas defendendo seus egoísmos coletivos, ávidos pelo poder sobre o orçamento que deveria existir para servir e não para se servirem.

            Você pode pensar que há um quarto de século, em tempos da entrevista de Dercy Gonçalves na Hebe era a mesma coisa e até hoje  nada resolvemos. Infelizmente, ainda era menos ruim. Naquele tempo não tínhamos um desembargador que, para livrar seu guru, cujas barbas beijara, inventava habeas corpus que até um calouro de Direito sabe ser impossível; ou um ministro do Supremo que toma a iniciativa de soltar do presídio seu ex-chefe que cumpria pena de 30 anos. E ambos sem nenhum problema de consciência para se considerarem  impedidos. Quer dizer, há 25 anos, o problema eram os políticos e a Justiça poderia ser a solução. Hoje a Justiça também está eivada de problemas. Teria Dercy Gonçalves em seu vocabulário palavras  – além das que eu censurei aqui –  para classificar a atualidade?

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